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Documento Histórico Linguístico


Monego
Nome de família pouco frequente e típico da região do Vêneto, norte da Itália. Sua incidência mais espressiva se registra nas Provincias de Treviso, Belluno e Veneza. Suas origens etimológicas remontam ao grego "monaxós" que se latinizou em "mònachus", monge. Na origem, o termo designava o homem que se retirava da sociedade e vivia só no deserto ou nas montanhaspor um ideal cristão e para santificação pessoal. Na Idade Média, o termo passou a indicar o monge que vivia em mosteiros, o padre, e também o sacristão, o auxiliar nos serviços de culto, o camponês que trabalhava sobre a orientação ou nas terras dos mosteiros. O sobrenome surgiu, pois,  de um apelativo atribuido ao ancestral fundador deste tronco familiar, por uma das razões apontadas. Este patriarca dos seculos XII-XIII, ao lugar este seu cognome como apelativo comum a todos os seus filhos, deu origem à "Casata [família, clã] dei Monego". A expressão perdura no sobrenome atual que recorda e pereniza a figua do fundador desta Casata, o "capostípete Monachus, Monaco, Monego".
Requerido por Florêncio Mônego

São Paulo, junho de 1995


1.           ORIGEM HISTÓRICA

 

Sob o ponto de vista lingüístico, o nome de família Monego se constitui num vocábulo simples, sem sufixação de qualquer espécie.   Sob um enfoque etimológico, suas origens remontam ao termo latino mònachus que quer dizer monge, homem consagrado a Deus, homem que se retira e se segrega da vida pública para viver uma espiritualidade mais profunda, uma união mais íntima e profícua com Deus, homem que prima pelo exercício da oração, da penitência, da ascese, da prática das virtudes em elevado grau para a sua santificação pessoal. Este era o sentido original do vocábulo latino mònachus.

Na verdade o termo mònachus se originou do grego monaxós, que quer dizer solitário e este designativo foi atribuído aos homens que se retiravam da vida pública e viviam sós, desacompanhados, solitários. 

O termo se difundiu com o surgimento dos primeiros anacoretas cristãos que se retiravam nos desertos e nas montanhas para levar vida contemplativa. 

De fato, foi somente no século IV de nossa era que este termo se latinizou, para designar especificamente estes homens cristãos que se afastavam da sociedade da época para viver vida segregada e de anacoreta, buscando uma maior união com Deus e a perfeição, longe do burburinho do mundo pagão. 

 Esta atitude era uma opção pessoal e se constituía numa renúncia a todos os bens materiais deste mundo, ao desprezo dos apelos da riqueza e do bem-estar, das benesses e alegrias do mundo que duram pouco.

Estes anacoretas se multiplicaram pelas regiões áridas da Palestina, do norte da África, do sul da Itália e se difundiram também nas montanhas inacessíveis da Europa, onde viviam sozinhos em contato com a natureza e procurando um contato mais livre e profundo com Deus.

Estes solitários religiosos foram chamados de monaxós no mundo helênico (em grego, mònos quer dizer um só, único) e mònachus no mundo latino.

As primeiras notícias a respeito deles são dadas ocasionalmente por crônicas dos séculos III . IV e mais especificamente por Sophronius Eusebius Hierronymus (331 . 420) ou São Jerônimo que também era um anacoreta ou mònachus, em seu livro Epistulae (39,4).  Nesta passagem escreve a respeito de monacha, ou seja, mulheres anacoretas, solitárias que imitavam este tipo de prática religiosa inaugurada pelos homens cerca de um século antes.

Foi durante sua longa vida de anacoreta que São Jerônimo traduziu toda a bíblia para o latim, pois só existia até então em hebraico e em grego.

Outros escritores desta época falam desses homens que se retiravam para os desertos ou para as montanhas, vivendo em cavernas, para se santificar, como Meropius Pontius Anicius Paulinus Nolanus (falecido no ano 431), no livro intitulado Epistulae (17,1)

Outro autor que fala desses homens é Caius Sollius Sidonius Apollinaris (séc. V), em seu livro também intitulado Epistulae (5,17) e ainda o poeta Claudius Rutilius Namatianus (séc. V), em sua obra Carmen de Reditu Suo in Galliam (1,441).

Neste período, os anacoretas ou monges solitários eram muitos e deles havia notícias em quase todas as regiões da Europa, Ásia e África cristãs.   E foi exatamente nessa época que surgiu um homem, também anacoreta, que pensou em conceder uma vida comunitária a todos esses homens que viviam solitários buscando a perfeição

Foi Benetictus Nursia ou São Bento de Núrsia (480-543) que se tornou o fundador da Ordem dos Beniditinos e o precursor de todas as Ordens Monástico ao congregar em torno do mosteiro de Monte Cassino, por ele construído entre Nápoles e Roma, no ano de 529.  Nascia com este ato a vida monástica comunitária, que se contrapunha àquela solitária vivida pelos anacoretas.  Estes homens, vivendo em comunidades organizadas, sob o comando de um superior chamado Abade, com uma forma de vida em comum denominada de Regula Monachorum (regra dos monges), foram também designados com o termo monachus.

Este novo estilo de vida se difundiu velozmente por toda a Europa e Ásia, mas não eliminou o sistema anterior da vida solitária.  A figura do monachus que se recusava em viver numa comunidade organizada perdurou ainda por muitos séculos, tendo-se notícias deles até os séculos XV e XVI.

Originalmente, como já frisado, o termo monachus designava o homem solitário, o anacoreta cristão que buscava isolar-se do mundo para viver uma vida espiritual mais intensa.  O termo foi aplicado posteriormente, também aos monges que viviam reunidos em grandes comunidades ou mosteiros, desde a fundação dos Beneditinos por São Bento. 

Após o século V-VI, o vocábulo monachus assume diversos significados suplementares, que foram se arraigando entre a população da Idade Média.  De fato, era chamado de monachus também o sacerdote que vivia em vilarejo distante, especialmente situado em região montanhosa e se dedicavam a pregação e ao exercício do culto entre os poucos fiéis de sua igreja ou paróquia. Estes Padres tinham pouco contato com as grandes cidades e viviam, realmente, como monge solitário, embora entre seus paroquianos.

O termo monachus foi aplicado também a leigos que viviam vida retirada nas montanhas, longe das povoações, embora convivessem com sua esposa e filhos.

Era um apelativo em sentido figurado e conferido porque pouco contato mantinha com os núcleos urbanos ou povoados e também porque vivia de modo auto-suficiente, praticando uma agricultura de subsistência e criando animais domésticos. 

Também em sentido figurado, monachus era chamado também o leigo que auxiliava o padre ou que fazia às vezes de pároco, na ausência deste.  Era uma espécie de padre-leigo que se empenhava em manter a vida cristã entre seus conterrâneos e que sabia também dirigir alguns atos do culto secundários.

Enfim, monachus era ainda um epíteto atribuído a pessoa arredia, que vivia segregada da comunidade por razões pessoais ou de temperamento, que pouco se expunha à convivência pública, que imitava enfim a vida de monge ainda que não o fosse.

Estas colocações são importantes por dois motivos.  Primeiro, porque se diferenciou o monge do padre, mesmo a nível popular.  O padre era comumente designado com os termos prèsbyter, sacerdos (presbítero, sacerdote) e o anacoreta ou monge de comunidade o era com o termo monachus. Havia, portanto, a diferença clara entre os ministros do culto e os religiosos que viviam vida contemplativa. Em segundo lugar, aparecem em muitos textos medievais todos estes termos.  Chama a atenção, porém, o vocábulo monachus que, em muitos deles, está em um contexto indefinido, isto é, não se sabe se a pessoa assim designada era realmente um monge, se era um cidadão assim chamado, ou se era um fiel que tinha uma espécie de função subalterna ao padre nas funções da igreja local, ou ainda se era um simples apelido conferido a esse cidadão.

 

2.           REGISTROS HISTÓRICOS

 

Alguns exemplos extraídos dos textos acima referidos podem transmitir uma idéia a respeito deste vocábulo ou sobrenome.

No ano de 994 houve a intervenção de um Conde para equacionar uma questão de terras nas proximidades de Pàdova, entre as testemunhas figurava .Adoaldo Monachus Monasterii Sancte Justini..

Em um ato solene de divisão de feudos no ano de 1210, presidido pelo Marquês de Este e Ferrara, servem de testemunhas diversas autoridades, entre as quais .Albertus Strutius Monachus.. 

Em documento datado de 19/01/1287, os membros de uma comunidade alpina estabelecem normas para extrair húmus de um bosque comunitário, entre os interessados na questão, encontra-se um cidadão chamado .Martinus Monachus filius quodam Petri....

Outro documento, de 21/12/1316, aparece assinatura como testemunha de doação de víveres para os pobres de uma paróquia nas montanhas .Johannes Monachus Ecclesie Sancti Lorenzii.

Em 29/05/1323, servem de testemunhas em uma transação de terras .presbiter Leo et Ambrosius Monachus..  Em outra transação de terras entre homens do campo, com data de 29/08/1323, aparece entre as testemunhas .Albertus Monachus Filius quodam Ambroxii Arbellies..

Em um litígio entre comunidades montanhesas, sobre os direitos comuns aos pastos elevados, celebra-se um acordo entre as partes e no texto datado de 04/08/1339 são mencionados os mais de cinqüenta interessados, entre os quais, está um tal de .Martinus de Monacho..  O mesmo Martinus de Monacho aparece em documento de 18/08/1344, em que se trata de decidir sobre outra querela relacionada com a exploração das riquezas naturais das montanhas circunstantes e pertencentes à comunidade; ao final são mencionados todos eles, dentre os quais .Zanebonus de Martelenco, Antonius filius quodum Johannis, Petrus de Ambroxino, Ugetus filius Azi de Lantia, Jacobus de Ferrario, Zanebonus de Radorenco per se et per homo quidam Duranti de Monego cujus est tutor, Johannes filius quodam Antoni de Monego, Ambroxius de Petrino, Ambroxius de Martinelo.... 

          Nestes textos pode-se verificar claramente que o termo monachus apresenta diversos significados:

          No primeiro, se refere, sem dúvida, a um monge. 

No segundo, parece um sobrenome e também a designação de um monge.

No terceiro, pode ser um sobrenome ainda sob forma latina.

Nos outros, aparece claramente como sinônimo de auxiliar do Padre ou como sacristão de igreja, menos nos últimos que já se configura claramente como sobrenome, embora precedido pela preposição de.

Ante a explanação feita e perante os textos medievais transcritos, não resta dúvida que o nome de família Monego, deriva do vocábulo monachus, monge.

Cumpre ressaltar, porém, que na Idade Média, o termo assumiu outras acepções e é exatamente de uma destas que o sobrenome se origina.  Parece difícil que o termo tenha sido assumido como nome próprio de pessoa, segundo julgam alguns estudiosos.  Mais certo é considerar este vocábulo com seu significado original de monge e com as principais acepções que lhe foram atribuídas na época medieval, ou seja, de auxiliar do sacerdote no culto, de zelador de igreja, de sacristão, de homem solitário e pouco sociável, de homem introvertido por questão de temperamento, de apelativo atribuído a camponeses e agricultores que trabalhavam a serviço de mosteiros que se espalhavam por toda a Itália.   O sobrenome Monego, portanto, tem um significado claro e transparente: monge.

Segundo a maioria dos estudiosos, as prováveis motivações que levaram ao surgimento deste sobrenome, estão baseadas em duas alternativas: primeiro, o patriarca fundador deste tronco familiar, teria sido assim cognominado por ter relações muito próximas com o serviço de culto na função de sacristão e auxiliar do Padre.  Segundo, este cidadão foi assim chamado, por exercer suas atividades a serviço de um dos mosteiros existentes em toda a Itália, na Idade Média.

Deve-se salientar, que este sobrenome é muito freqüente e difundido em toda a Itália, embora o seja sob a forma do italiano clássico Monaco.  Sob a veste dialetal típica vêneta Monego é muito rara, como verificaremos adiante nesta análise.   No sul da Itália, prevalece a forma Lo Monaco, que se identifica na origem e no significado com Monaco e Monego.  Trata-se do mesmo sobrenome, sob formas diferentes.

Que este possa ter-se originado de um ancestral, fundador deste núcleo familiar, filho de um Padre, também é possível, mas não há, porém, como comprovar esta hipótese por causa das lacunas documentais.  O elevado índice de Padres casados ou com filhos na Idade Média é um fato histórico.

 

 

3.           SURGIMENTO DO SOBRENOME

 

Na época do Império Romano, distinguia-se e individuavam-se as pessoas através do praenomen, nomem e cognomen.  O primeiro representava o nome próprio de cada individuo; o segundo repetia a designação do clã ou da gens a que pertencia este indivíduo; o último se referia à família ou grupo familiar inserido na gens.  Assim, no nome completo Marcus Tullius Cicero, o praenomen Marcus designa o orador e escritor, Tullius é o nomen derivado da gens Tullia e Cicero, o cognomen da família em âmbito menor, inserida no grande clã, na gens Tullia.

Com a queda do Império Romano, no ano de 476 depois de Cristo, esta sistemática de nomenclaturização dos indivíduos, das famílias e dos clãs ou tribos, caiu em total desuso.

Na Idade Média passou a vigorar tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e caracterizar as pessoas.  Torna-se fácil imaginar a confusão gerada por essa nova sistemática simplificada ao extremo.

Com a larga influência do cristianismo que difundia o nome de seus santos, os antropônimos se tornaram de tal forma repetitivos que, a partir do século VIII, surgiu a primeira formula moderna para distinguir um individuo de outro, ou seja, citando o nome do pai (Paulus filius quodam Philippi = Paulo filho do senhor Filipe).  Esta formula deu origem a muitos sobrenomes derivados de nomes próprios.  A segunda formula criada nesse período acrescentava ao nome próprio da pessoa, um cognome representativo da profissão, da cidade de origem ou de proveniência, de qualificação moral, de aparência física, de ato de bravura ou de aventura perpetrado, de titulo nobiliárquico, de posição e prestigio social, etc.

Esta segunda formula esta na base da origem, formação e fixação do sobrenome Monego. Existiu, pois, nesse período medieval, um patriarca ou paterfamilias que foi cognominado Monachus, Monego por uma das duas razões descritas acima.  Este patriarca tornou-se o capostipite (fundador, iniciador) de novo tronco familiar, ao repassar seu próprio cognome a seus filhos e através destes, aos demais descendentes. 

Pelo fato do cognome Monego ser usado como distintivo dos descendentes do patriarca fundador, formou-se a Casata del Monego.   O termo Casata designava, de início, o casarão ou casario em que habitava, a geralmente numerosa, descendência do capostipite ou patriarca, cuja autoridade e tutela todos se submetiam.  O termo passou depois a indicar a própria família, a estirpe, o clã, o núcleo familiar que gravitava em torno do paterfamilias Monego.

A expressão Casata del Monego se pluralizou ao se referir a todos os membros da mesma, resultando em Casata dei Monego.  Note-se que o elemento principal não passou para a forma plural (do contrário, o sobrenome seria Moneghi), fenômeno freqüente na formação dos sobrenomes italianos.  A expressão de simplificou depois, na fala popular, em Casata Monego; por fim, permanece tão só o cognome designativo de todos os componentes da mesma, Monego.   Esta resultante definitiva se fixa como sobrenome de toda a posteridade do capostipite medieval, Monachus, Monego.

Resumindo, o sobrenome surgiu da função ou encargo do capostipite ou por ser assim cognominado pela comunidade por uma das razões expostas.   Trata-se, pois, de um epíteto atribuído a um patriarca medieval.  Seus descendentes passaram a usar o apelativo desse ancestral como distintivo da Casata ou como nome de família que se perpetua até hoje.   Acredita-se que o sobrenome tenha surgido em torno dos séculos XII-XIII.  Não há documentação histórica explícita que comprove uma data precisa de seu surgimento e fixação.  De qualquer modo, é um sobrenome multissecular e quase milenar.

 

 

4.           TRANSFORMAÇÕES FONÉTICAS

 

Quase todas as palavras sofrem, através dos séculos, uma série de alterações na pronúncia e na escrita.  Essas alterações são chamadas, em lingüística histórica, de evoluções ou transformações fonéticas. 

Usa-se o signo lingüístico .>. que significa .da origem a. ou .evolui para., a fim de indicar a passagem de uma forma fonética anterior para outra imediatamente posterior.

O sobrenome Monego passou por alterações um pouco complexas.  O vocábulo original é grego, monaxós, e sua passagem para o latim não representa alteração fonética, mas simples adaptação latina do termo para seus parâmetros fonéticos, tornando-se monachus. Deste para a forma dialetal vêneta, notam-se estas alterações:

 

·      Apócope ou queda da sibilante surda final: Monachus > Monachu;

·      Abertura, abrandamento da vogal átona final: Monachu > Monacho;

·      Supressão do signo aspirado impronunciado: Monacho > Monaco;

·      Passagem da consoante gutural surda em sonora: Monaco > Monago;

·      Oclusão ou fechamento da vogal pós-tônica: Monago > Monego;

 

O sobrenome se fixou, como foi descrito neste texto, através da expressão medieval Casata del Monego, dita também Casata dei Monego, que se reduziu, na fala popular e coloquial, na forma mais simples e prática Casata Monego.

A partir do século XVI, cai paulatinamente em desuso esta forma de indicar os troncos familiares; da expressão resta, portanto, somente o designativo específico dos membros do núcleo familiar, ou seja, o sobrenome em sua forma final, Monego.

No Brasil, a partir da terceira geração de brasileiros, especificamente os descendentes do italiano Davidde Giacobbe Monego (*08/11/1846 - +16/10/1916), começou-se a acentuar a vogal da primeira sílaba: Monego > Mônego. Tornando-se aconselhável mover ação judicial de retificação de registro civil, para manter-se a escrita original, evitando-se uma nova alteração do sobrenome.

5.           SEU SIGNIFICADO

 

O significado do nome de família Monego, após a explanação e a fundamentação histórico-linguística apresentadas acima, parece bastante claro, senão transparente.

A interpretação direta leva a remontar ao vocábulo original latino monachus que significa monge, anacoreta, religioso solitário, homem que se retira e se segrega da sociedade para viver uma vida contemplativa, uma experiência de maior intimidade com Deus, uma opção pela busca da santificação pessoal através da penitência, do sacrifício, desprezo dos bens terrenos, desapego de tudo que não seja relacionado com Deus e com a vida eterna.

Este é o significado original de monachus, mas não representa o significado final do sobrenome.  Este se conecta diretamente com a função, o cargo, o encargo exercido pelo paterfamilias deste tronco familiar e traz a conotação de auxiliar do sacerdote no culto cristão, de zelador do tempo religioso ou da igreja, de sacristão, de administrador dos eventuais bens da igreja local.  Pode também relembrar um simples apelativo, através do qual o ancestral fundador deste núcleo familiar era conhecido por razões diversas, como por ser um homem sério e compenetrado, por ser avesso às extravagâncias, por ter um comportamento exemplar e talvez até mais que os verdadeiros monges, por ser um homem de comportamento introvertido e que gostava da solidão, da vida pacata, etc. Por uma dessas muitas razões, este paterfamilias medieval foi cognominado monachus, monego.

O epíteto acabou por distingui-lo informal e formalmente na comunidade em que residia, como também a seus próprios filhos, fato que propiciou a fixação do mesmo como designativo específico e definitivo de todos os seus descendentes, isto é, como típico sobrenome.

Concluindo, um patriarca dos séculos XII-XIII, assim chamado, ao legar seu cognome como apelativo comum a todos os seus filhos, deu origem à Casata dei Monego.  A expressão se reduziu à forma do sobrenome atual que recorda e pereniza a figura do ancestral fundador da Casarta, o capostipite Monachus, Monego.

 

 

6.           MONEGO NA ITÁLIA

 

O nome de família Monego se constitui num sobrenome pouco freqüente e típico da região do Vêneto, norte oriental da Itália.  Sua incidência mais expressiva se registra, historicamente, nas Províncias de Treviso, Belluno e Veneza.  O sobrenome se caracteriza como especificamente vêneto, também por sua estrutura morfológica, porquanto o vocábulo em sí não é italiano, mas dialetal vêneto, como se observou no decorrer desta exposição.  Pode-se, portanto, afirmar que Monego, além de ser um sobrenome vêneto, é especialmente um nome de família tipicamente belunês, trevisiano e veneziano.

Um levantamento efetuado nas listas telefônicas de 1994/1995 de todas as Províncias vênetas, verificou-se o seguinte:

 

Província

Número de municípios

Freqüência do      sobrenome

Rovigo

x-x-x

Zero

Vicenza

121

01

Verona

98

02

Veneza

43

06

Belluno

69

09

Treviso

95

14

Pádova

105

02

 

As províncias de Treviso, Belluno e Veneza são as que apresentam maior incidência de Monego.  Como os ancestrais deste tronco de Monego (Davidde Giacobbe Monego), são oriundos do território de Belluno, apresenta-se abaixo, a nominata dos municípios belunenses em que ocorre este sobrenome: Belluno (02), Calalzo di Cadore (03), Cesiomaggiore (05), Cortina d.Ampezzo (02), Limana (01), Longarone (01), Santa Giustina (16), Sedico (04) e Zoldo Alto (14).

 

(Pesquisa realizada por STEMMA [Jun/1996], a pedido de Florêncio Mônego, digitado e reestruturado por Gilmar Luiz Mônego . gilmar@monego.net [ Set/1999]).

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